Belo Horizonte possui algumas das melhores escolas privadas do país, mas as escolas públicas municipais e estaduais estão no limiar da média nacional.
Já há muito tempo tenho proposto uma avaliação mais severa do problema educacional local, considerando que o problema tem três faces bem claras: a limitação orçamentária, que me parece ser alardeada como um problema maior do que deveria ser, mas que se é o obstáculo intransponível, deveria empurrar os agentes públicos para ação sobre os outros dois aspectos; a limitação técnica, considerando a pouca estrutura oferecida aos professores para o desenvolvimento de projetos pedagógicos mais eficientes; e a situação social do alunado, que muitas vezes não encontra em casa a estrutura necessária ao desenvolvimento dos estudos.
Uma alternativa, que poderia ser escalada para alcançar milhares de pessoas, seria a estruturação de uma cadeia de incentivos e de desburocratização para o estabelecimento de parcerias entre escolas públicas e privadas, para que certas escolas privadas de excelência fossem convidadas a “adotar” escolas públicas para promover o intercâmbio de professores e de alunos, em uma prática que poderia alargar horizontes e propiciar ganhos substanciais aos envolvidos.
As escolas públicas teriam a oportunidade de oferecer a seus professores o convívio com as práticas de maior sucesso no país e os alunos poderiam ter acesso a esse ambiente de excelência, que se não é capaz de alterar, por siu só, o ambiente em que o próprio aluno se insere, ao menos servirá de incentivo À implantação de mudanças de paradigma. As escolas particulares, por sua vez, teriam como oferecer a seus alunos uma experiência plural, levando os professores a avaliar a eficiência de seus próprios métodos com outros públicos, permitindo, ainda, que os alunos experimentassem a diversidade das realidades educacionais, para formação de consciência e senso crítico de suas próprias oportunidades.
A arrogância não está em se afirmar bom, mas na incapacidade de reconhecer as próprias deficiências.