Regulação em crise: o trânsito gerado pela BHTrans

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Regulação em crise

Desde criança estou acostumado à ideia de que, em BH, no começo de qualquer congestionamento há sempre um agente da BHTrans atrapalhando o trânsito.

Apesar de a presença dos agentes de trânsito nos estrangulamentos de tráfego ser mesmo frequente, essa é uma máxima que revela outras verdades menos evidentes. É que a falta de planejamento de circulação é uma realidade assustadora e as decisões técnicas para correção dos problemas parecem sempre ser impedidas por um sem número de objeções políticas que sempre esbarram na desculpa universal de qualquer governante: falta de recursos.

Eu sei que faltam recursos, sempre faltarão, em qualquer lugar, pois por conceito, sempre gostaríamos de ter mais para gastar. Mas o que faremos já que nunca haverá recursos para tudo?

Há necessidade de inteligência e coragem, para certas decisões relativas a trânsito, e muitas vezes parecem faltar as duas: desde a questão evidente da sobreposição de linhas municipais e metropolitanas, até a necessidade de deslocamento da rodoviária, as decisões parecem não conseguir se articular na direção de soluções.

Os corredores de ônibus e o BRT são soluções paliativas, ainda que aparentemente necessárias, mas são muito utilizadas como uma evidência estética de ações quando, na verdade, problemas mais evidentes, como a falta de vagas na região interna da contorno continuam sem solução. Aliás, sobre as vagas, é no mínimo inviesada a política de limitação de vagas em novas construções quando, na verdade, deveríamos expandir o contingente de vagas disponíveis, inclusive incentivando edifícios-garagem, para aumentar a velocidade média de circulação e eliminando estacionamentos laterais, aumentando o número de faixas de rolagem.

O problema é que a regulação, no Brasil, passa por um período de decadência, basicamente por prosperar uma falsa impressão de que competiria ao Estado tomar as decisões individuais pelas pessoas, como a compra ou não de um carro (aliás, já assistimos o governo federal tentando inflar artificialmente essa demanda, enquanto o municipal tenta artificialmente refreá-la). Ao invés disso, o Estado deveria gastar a sua inteligência, disposição e recursos restritos para promover os meios estimulassem as pessoas a deixar seus veículos na garagem.

Há quem afirme que, na verdade, há uma inteligência perversa por trás desse atraso, na defesa de algum interesse espúrio. Eu, pela observação contínua do tema, não tenho como provar a existências dessas forças, mas consigo afirmar que falta competência e boa vontade, para resolver o óbvio e o emergencial.