Diário de Campanha

Independência, liberdade e calcinhas

Com vocês mais um capítulo do Diário de Estibordo (de campanha) do Gabriel.

Eu tava quietinho em casa, quase meia-noite, procurando um filme na TV e cai na besteira de perguntar a ele como tinha sido seu Dia da Pátria… Ele contou! Não tenho mais fôlego para isso. Nunca tive.

O mentiroso disse que acordou às 05h30 e o pior que deve ser verdade!

7 de setembro, Independência ou Morte, D. Pedro I, desfiles, hino nacional. Que canseira. Quando escuto estas coisas sempre me lembro do Millôr Fernandes: “Querer liberdade é coisa de escravos”.

Sinceramente, não me lembro de desfilar pela Pátria, nem quando estava no colégio e era obrigado. Gabriel me disse agora que faz isso desde sempre. Pudera, estudou em Colégio Militar, agora aguenta. Mas este patriotismo é invejável. Nem Exército servi. Mesmo porque não seria de serventia.

Uma vez perguntaram ao Serge Gainsbourg – grande compositor e cantor francês – onde ele estava nas históricas manifestações de Maio de 68, em Paris. Bem canalha, respondeu: “No Ritz…”. Aquele hotel chique, de onde Lady Di saiu para a morte.

E claro, Gainsbourg, o cara que pegou Brigitte Bardot e Jane Birkin devia estar muito bem acompanhado. Eu gostaria de estar no Ritz quando alguém me perguntasse sobre meu 7 de setembro. No 7 de setembro e no ano inteiro… Muito mais agradável do que ficar levando bombas de efeito moral, lacrimogêneas ou debaixo de sol vendo cavalos, tanques e chatos gritando “Fora Temer”.

Eu deveria ter chamado a gostosa do 803 aqui em casa…

Porque, como Gainsbourg, no filme “Eu Te Amo” de Arnaldo Jabor, o Paulo César Pereio fez a mesma coisa, mas com a Vera Fischer. Segundo ele enquanto desfilavam os garbosos Dragões da Independência, ele e ela estavam lá, ó!

E desconfio seriamente que D. Pedro I fez a mesma coisa, depois. Porque o Grito do Ipiranga não foi aquela beleza do quadro de Pedro Américo… Procurem saber porque, se não me engano, teve até um lado escatológico no episódio.

Mas o Gabriel foi ao desfile, depois foi à Pampulha e não sei mais a quantos almoços.

Gostei da visita dele ao Museu de Arte da Pampulha, onde discutiu sobre Meio Ambiente e despoluição da lagoa. Claro, por que arte que é bom, naquele museu, nada. Deveria voltar a ser cassino. Fui lá uma vez e o orgulho do MAP era uma aquarela, justamente do ídolo de Gabriel, Winston Churchill. É muito pouco.

Vereadores e futuro prefeito de BH deveriam investir mais em arte. Não temos museus decentes em BH. Museus atraem turistas e turistas injetam dinheiro na Economia da cidade. Paris e arrabaldes que o digam! BH já teve salões de arte. Por que não ressuscitá-los e promover outros concursos com aquisição de obras para nossos museus?

Outra coisa que funciona na Europa é a associação Amigos do Museu. Os amigos cotizam para a aquisição de obras, belas obras primas que atraem público. Público também dá dinheiro porque frequenta e consome nos restaurantes e lojas dos museus. Isso, sem falar do principal: cultura e educação, nossa maior necessidade.

Nos Estados Unidos, além dos amigos, os maravilhosos museus vivem e brilham com uma tal de filantropia. E um detalhe, nesta praia: muitos velhos milionários, amantes da arte, deixam seu dinheiro como herança para os museus.

É assim que funciona, é assim que deveria funcionar no Brasil. Mas… Aqui nessa roça, políticos fogem da cultura como o diabo da cruz, o vampiro do alho e os petistas do Moro.

Ah! Um último exemplo sobre o assunto. O grande escultor Amílcar de Castro merecia um Jardim de Esculturas em BH. Seria um atrativo a mais. Arte, em museus ou nas ruas atraem visitante$. Mas… Pelo jeito, pensar causa dor de cabeça em muita gente.

Gabriel está terminando seu dia jantando, sei lá onde, com suas musas, as Azevedetes. Mas antes disso, ele foi dar sorte ao Atlético de Kalil na vitória do Galo sobre o… Vitória. 2X1 para nós.

ps: as calcinhas do título eram só pra chamar à atenção e à leitura, mas se quiserem, posso escrever muito sobre os porta-joias da Marquesa de Santos.7 de setembro (2)